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TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

DEFINIÇÃO


O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), também conhecido como Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável, é um distúrbio mental com um padrão característico de instabilidade na regulação do afeto, no controle de impulsos, nos relacionamentos interpessoais e na imagem de si mesmo. O termo borderline, que na lingua inglesa significa "fronteiriço" não se refere ao limite entre um estado normal e um psicótico, mas a uma instabilidade constante de humor.



 


PREVALÊNCIA


Apesar de não ser tão divulgada quanto outros transtornos psiquiátricos, afeta de 2 a 4% da população geral, 10% de pacientes psiquiátricos e 20% dos internados em hospitais, sendo que a maior parte das pessoas afetadas (até 70%) corresponde a mulheres.


 


QUADRO CLÍNICO


Identificar uma pessoa com TPB não deveria ser difícil, pois os sintomas incomodam todos os que se relacionam com ela, especialmente familiares, no entanto, com o preconceito que ainda existe com os transtornos psiquiátricos isso é muito comum. É frequente denominar o indivíduo com esse transtorno de “barraqueiro, genioso, difícil”.


O quadro engloba algumas manifestações típicas de vários transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, mas em geral os pacientes não saíram totalmente do estado considerado normal para serem enquadrados em tais classificações.


Em relação ao distúrbio afetivo, os pacientes apresentam diversas sensações, por vezes conflitantes, muitas vezes manifestando tensão aversiva, incluindo raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sentimentos crônicos de vazio e solidão. Outro aspecto é a exagerada reatividade no humor: Os pacientes com freqüência mudam com grande rapidez de um estado a outro, passando por períodos disfóricos (irritados) e eutímicos ("normais", tranquilos) ao longo de um dia.


Além disso, a cognição também se apresenta alterada. A sintomatologia é variada. Há idéias superestimadas de estar mal, experiências de dissociação – despersonalização e perda da percepção da realidade – outros sintomas são semelhantes aos psicóticos, com episódios transitórios e circunscritos de ilusões e alucinações baseadas na realidade. Acredita-se que o distúrbio de identidade pertença ao domínio cognitivo porque se baseia em uma série de falsas crenças, por exemplo a de que uma pessoa é boa num minuto e má no instante seguinte.


Outra característica marcante pintada para este quadro é a de impulsividade, manifestada de duas formas:



  1. Há pacientes deliberadamente auto-destrutivos, que apresentam comportamento suicida, podendo apresentar auto-mutilação, ameaças e tentativas de suicídio; Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). Pacientes com TAB dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".

  2. Outros pacientes manifestam formas mais gerais de impulsividade, caracterizadas compulsividade por compras, jogos, outras compulsões, pelo abuso de drogas, desordens alimentares, explosões verbais e direção imprudente. 



Por último, os pacientes apresentam relacionamentos intensos e instáveis, cujos problemas mais comuns são o profundo medo de abandono, que tende a se manifestar em esforços desesperados para evitar ser deixado sozinho, e alternância entre extremos de idealização e desvalorização, sendo os relacionamentos marcados por freqüentes discussões, rompimentos, baseados em uma série de estratégias mal adaptadas que irritam e assustam outras pessoas.


 


ETIOLOGIA


Várias causas são apontadas para a origem do transtorno. Acredita-se que, além do forte componente genético, experiências traumáticas na infância, como negligência e abuso sexual, causariam a desregulação emocional e a impulsividade, levando aos comportamentos não-funcionais, déficits e conflitos psicossociais. Estes, por sua vez, agravariam a desregulação.


Estudos de neuroimagem revelaram uma rede mal funcionante em várias regiões cerebrais relacionadas a importantes aspectos da sintomatologia. Em estudos de PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons), o córtex cingulado anterior, região mediadora do controle afetivo, bem como outras áreas do córtex pré-frontal, apresentaram um metabolismo basal alterado.


Estudos estruturais mostraram redução no volume da amígdala cerebral e do hipocampo nos pacientes com TAB.


Foi registrada ainda, com a técnica de RMf (Ressonância Magnética funcional) uma ativação aumentada da amígdala cerebral em resposta a expressões faciais e emoções negativas, provavelmente relacionada ao enfraquecimento do controle pré-frontal inibitório.     


Se essas alterações neurobiológicas são pré-existentes ao transtorno ou se são apenas suas manifestações, ainda permanece a dúvida.


 


EVOLUÇÃO DA DOENÇA


O impacto social desse transtorno é muito grande, a taxa de mortalidade devido ao suicídio é alta, atinge 10% dos pacientes. Trata-se, desta forma, de uma das desordem psiquiátrica comumente associada ao suicídio.


 


TRATAMENTO


O tratamento medicamentoso exclusivo é pouco efetivo, já que mesmo recebendo medicamentos os pacientes continuam com graves desajustes no trabalho, nas relações sociais, na satisfação global e no funcionamento geral. Assim, para controlar esses pacientes, os melhores resultados têm sido obtidos com uso de medicamentos associado a psicoterapia, podendo ser citado o relevante papel da terapia cognitiva comportamental – a terapia dialética comportamental.


Dentre os objetivos, os principais são aprimorar as habilidades comportamentais, ensinando táticas específicas para regular as emoções, aumentar a motivação para mudanças, estruturar o ambiente e otimizar a capacidade e motivação dos próprios terapeutas. No entanto, esta abordagem requer uma assistência continuada, uma vez que este tipo de patologia envolve graves transtornos de personalidade, o que fragiliza o ego possibilitando recaídas marcadas pelo comportamento imprevisível.


Os pacientes que aderem a esse tipo de tratamento chegam em diferentes níveis de gravidade e para cada nível é identificado um alvo inicial de tratamento. Em pacientes com descontrole comportamental severo, a prioridade é melhorar a regulação do comportamento, isto é, colocar o paciente funcional e produtivo. Já para os suicidas, naturalmente, o primeiro passo é reduzir o impulso suicida. Quando já se conseguiu o controle do comportamento, a disforia e as dificuldades de lidar com as experiências emocionais tornam-se o foco da terapia.


A terapia farmacológica e hospitalar possuem resultados reservados sobre a diminuição do risco de suicídio. A farmacoterapia, entretanto, pode ser eficaz na diminuição do comportamento compulsivo, sendo útil para as intervenções psicossociais, possibilitando a chance de interromper a medicação quando os pacientes apresentam melhora do quadro. Dentre os remédios mais utilizados, os antipsicoóticos costumam controlar os sintomas cognitivo-perceptuais; os antidepressivos e estabilizadores de humor, regulam as alterações bruscas de humor, ansiedade e raiva.


 


IMPORTANTE SABER


Como o transtorno afeta as relações interpessoais, muitos preconceitos e muita incompreensão acompanham os pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline.


Muitas vezes, tais pessoas são rotuladas de “irresponsáveis”, “egoístas”, “desequilibradas”, “problemáticas”, o que só agrava sua instabilidade e faz com elas se aproximem mais e mais da loucura, já que dificilmente sozinhas conseguirão contornar a dificuldade.


Para conviver com a personalidade borderline , o primeiro passo é caracterizá-la como um transtorno psiquiátrico tratável e procurar ajuda com profissionais da saúde especializados.


Tanto a atitude pessoal de aderir à terapia, quanto a educação da família são essenciais, na medida que o único tratamento efetivo é o de equipe, contando com a colaboração de médicos, psicólogos, a família e o paciente.